quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A IGREJA E A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

A IGREJA E A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


1 – INTRODUÇÃO:
   Na década de 80 o Brasil foi tomado por um movimento que atraiu e ainda atrai milhares de pessoas para as igrejas evangélicas, mas pouca gente conhece a fundo a história da teologia da prosperidade.
   O pioneiro desse movimento foi o pastor Essek M. Kenyon(1867-1948), mas o maior divulgador foi Kenneth Hagin (1917-2003). A teologia da prosperidade busca a interpretação de uma série de textos bíblicos para fazer com que os fiéis entendam que Deus tem saúde e bênçãos materiais para entregar ao seu povo.
2 -  O QUE É A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE:
    Também conhecida como Evangelho da prosperidade, é uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a , o discurso positivo e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. Baseada em interpretações não tradicionais da Bíblia, geralmente com ênfase no Livro de Malaquias, a doutrina interpreta a Bíblia como um contrato entre Deus e os humanos; se os humanos tiverem fé em Deus, Ele irá cumprir suas promessas de segurança e prosperidade. Reconhecer tais promessas como verdadeiras é percebido como um ato de fé, o que Deus irá honrar.
   Seus defensores ensinam que a doutrina é um aspecto do caminho à dominação cristã da sociedade, argumentando que a promessa divina de dominação sobre as Tribos de Israel se aplica aos cristãos de hoje. A doutrina enfatiza a importância do empoderamento(administração),pessoal, propondo que é da vontade de Deus ver seu povo feliz. A expiação (reconciliação com Deus) é interpretada de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza, que são vistas como maldições a serem quebradas pela fé. Acredita-se atingir isso através da visualização e da confissão positiva, o que é geralmente professado em termos contratuais e mecânicos.

3 – O QUE É A IGREJA:
  Igreja  não é um edifício construído com blocos e cimento, no entanto podemos dizer que Igreja é um edifício construído com pedras vivas. “Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”(1 Pedro 2:5). Estas pedras vivas são chamadas santos e são membros da família de Deus: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito” (Efésios 2:19-22).
   A palavra grega traduzida como “igreja” significa, literalmente, “chamado para fora” e assim refere-se a um grupo de pessoas chamadas para saírem do pecado no mundo e servirem ao Senhor. A igreja não é nenhum tipo de instituição ou objeto impessoal. É um corpo constituído de componentes vivos. Como um organismo vivo, a igreja pode sentir medo (Atos 5:11), pode orar (Atos 12:5) e pode falar (Mateus 18:17). Pessoas que são chamadas para saírem do pecado não continuam participando do mal no mundo, porque elas estão santificadas ou separadas do pecado (estude João 17:14-23; Colossenses 1:13; 1 Pedro 2:9; 1 João 4:5-6). Deus chama o povo para deixar o mal deste mundo através da mensagem do evangelho (2 Tessalonicenses 2:13-14). Aqueles que são convertidos verdadeiramente a Cristo são chamados santos (1 Coríntios 1:2; Colossenses 1:1-2).
   Entender o conceito bíblico de igreja como um corpo de pessoas chamadas para fora do pecado, para serem santos, ajuda-nos a apreciar a riqueza da descrição de Paulo da “igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20:28). Jesus não morreu para comprar terra e edifícios, nem para estabelecer alguma instituição. Ele morreu para comprar as almas dos homens e mulheres que estavam mortos no pecado, mas que agora têm salvação e esperança de vida eterna (Romanos 5:8; 1 Coríntios 6:19-20).
4 – OS EFEITOS DA INTERPRETAÇÃO  HERETICA DA DOUTRINA:

  De tempos em tempos podemos comprovar que se levantaram grandes heresias na história da igreja, como exemplo podemos citar o gnosticismo que atua desde os tempos apostólicos, marcionismo, o montanismo, o arianismo início do século IV com o bispo de Alexandria Ario entre outras. Essas heresias foram combatidas e vencidas pela verdade da palavra através de grandes apologistas que Deus levantou na história como Irineu de Lião, Policarpo, Atanásio, Clemente de Alexandria, Augustinho de Hipona entre outros. E em nossos dias? Qual é a maior heresia que tem assolado os princípios da ortodoxia do cristianismo? Entre tantos, o maior desvio doutrinário dos dias atuais? Sem dúvida é a teologia da prosperidade, que ensina que os cristãos tem que ser ricos e ostentar grandes bens, também tem uma ênfase em curas e milagres, mas a prosperidade financeira é o seu grande cavalo de batalha, essa doutrina surgiu nos Estados Unidos, nos anos 40, oriunda das ideias do hipnotizador e curandeiro Finéias Parkhust Quimby (1802-1866), foi adaptado ao meio protestante por Essek W. Kenyon que pastoreou e fundou várias igrejas evangélicas, mas o principal divulgador no meio protestante foi Kenneth Hagin, fundador do Centro Rhema de Adestramento Bíblico. Hoje essa doutrina se espalhou não só nas igrejas neopentecostais, é assim que são conhecidas as igrejas adeptas dessa teologia, mas também nas igrejas tradicionais e até mesmo em outros seguimentos do cristianismo como Adventismo, Catolicismo Romano e etc. Já não se fazem mais templos simples com banquinhos de madeira, mas verdadeiros palácios luxuosos, climatizados com púlpito de cristal, poltronas acolchoadas. Tudo para atender a um novo tipo de cristão que se encaixa nesse perfil. Os princípios do cristianismo foram trocados por um verdadeiro exibicionismos de aquisições materiais. É incrível como esse ranço está impregnado nas igrejas, a ostentação, o luxo são agora o foco do evangelho, em uma entrevista com a irmã Marias Andrade da Costa, 70 anos, evangélica há mais de 30 anos, ela disse: “Tenho vergonha em visitar certas igrejas, pois parece que todo mundo tem um rei na barriga e nem se quer cumprimentam os pobres”, é triste ouvir esse tipo de comentário, a que ponto chegamos? Com toda certeza esse não era o intuito de Jesus quando nos ensinou sobre vida abundante, cristãos mesquinhos e idolatras de Mamon é o que muitos tem sido na verdade. Não quero dizer com isso que o cristão não pode ser rico, porém a um tipo de pessoa rica que pode ser salva, como se referiu um dos pais da igreja Clemente de Alexandria. "O que o Cristianismo condena é o abuso é o excesso de afeição que o homem tem aos bens da terra e que o obriga a desconhecer o seu verdadeiro sentido e o seu valor limitado".Clemente de Alexandria 180 D.C.

   Cristo nos convida a viver uma vida de humilde e simplicidade (Mt 5:3-12; Mt 6:19-20), saibam que a maneira como gastamos os nossos recursos darão testemunhos contra nós perante Deus no dia do juízo (Tg 5:3). “Ostentação não tem nada a ver com o Cristão”, o consumismo é um vício que aprisiona e afeta os princípios bíblicos, fuja dessa maldição, escapa-te por tua vida. Divida o que tem com os pobres e com aqueles que os instruem na palavra (Lc 19:8; Gl 6:6), invista naqueles que tem compromisso em proclamar o reino, não em instituições corruptas que querem promover uma nova forma de indulgência, trocando as bençãos de Deus por bens materiais, você pode até está sendo abençoado e achar que tudo isso está vindo de Deus, mas o diabo é especialista em criar engôdos para atrair o crente (Tg 1:14; 2Ts 2:11), fujam da teologia da prosperidade, vivam uma vida de comunhão e santificação com Deus, em amor e simplicidade, façam do sermão do monte uma lei para suas vidas.(Mt Cap. 5). vejam também (Pv 30:7-9; 1Tm 6:3-11; Tg 5:1-3).

5 – A IGREJA E A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE:

   A teologia da prosperidade tem se alastrado pelos púlpitos do país, como um rastilho de pólvora inflamado pelo inferno, e iludindo muitos cristãos sinceros, por meio de uma mensagem sedutora e triunfalista. A teologia da prosperidade transforma o evangelho em uma doutrina de resultados, onde o enfoque é a obtenção de riquezas materiais, e o cerne da mensagem cristã, que é espiritual e não material, é desprezado. Nos dias de Zorobabel, época do pós-exílio babilônico, ocorreu uma situação, de certa forma, similar à que vemos hoje no Brasil, e isso fez Deus levantar o profeta Ageu para combatê-la, condenar os falsos ensinos e proclamar a Verdade. Pesam em meu coração os efeitos deletérios dessa doutrina diabólica, que tem ludibriado o povo brasileiro. Hoje mesmo, após sair da igreja, vi-me fazendo o seguinte questionamento ao Senhor: “Deus, por que o evangelho não tem transformado o Brasil?”. E o Espírito Santo me respondeu assim: “É porque o evangelho está misturado”. O que a teologia da prosperidade faz é diluir o evangelho, de modo que sua eficácia fica comprometida e os resultados estão, obviamente, aquém do desejado. Vejamos uma possível contextualização da mensagem de Ageu para a igreja brasileira contemporânea:
  A teologia da prosperidade produz seguidores claramente tendentes ao egoísmo por conta da busca material exacerbada. Não é possível servir a 2 senhores, ou agrada a um ou a outro, nunca os 2 ao mesmo tempo. Então, logicamente, o templo, ou seja, as coisas do Senhor, caem automaticamente para segundo plano. Esse é o resultado da teologia da prosperidade nas pessoas, tornando-os insensíveis às coisas do Céu e meros fuçadores das coisas terrenas;  O Senhor mesmo se indignou com o desprezo de Seu povo em relação a Sua Presença (representada pelo Templo), e levantou um profeta (Ageu) para desmascarar o arquétipo da teologia da prosperidade, no Israel pós-exílio. E é isso que está em curso no Brasil, com Deus levantando uma geração profética clamando contra o pseudo-evangelho que é a teologia da prosperidade. Chegou o momento de a igreja evangélica brasileira reconhecer e dizer explicitamente o que a teologia da prosperidade é: doutrina de demônios. Feito isso, resta apenas a não fácil tarefa de combatê-la como tal, alertando os que estão enredados em seus laços para que se convertam enquanto é tempo.  Isso poderia ser um versículo ao avesso daquele que Jesus disse que deveríamos fazer: buscar, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e as demais coisas seriam acrescentadas. Basta assistir algum programa televisivo de algum pregador desse tipo de teologia para ficar evidente o que está em primeiro lugar em sua escala de valores. Quando o Senhor lhes disser “apartai-vos de mim… nunca vos conheci”, o que dirão eles quando a realidade que hoje ignoram se tornar um fato terrível de ser confrontado?  A aceitação da pregação do egoísmo materialista tem produzido graves consequências na igreja contemporânea, e é até difícil explicar como uma teologia que surgiu há apenas algumas dezenas de anos cresceu tanto e se tornou capaz de gerar consequências tão maléficas em uma nação que é objeto de investimentos missionários seculares.

6– CONCLUSÃO:
   Se a fé em Deus causasse riqueza a verdade é que iam faltar apartamentos na orla da praia para a onda de crentes que os demandariam dos céus. Graças a Deus, a fé não é a principal causador de riquezas, é o trabalho. Se isso fosse verdade não haveria pobreza, bastaria todos crerem em Deus e darem dinheiro pra ele. Se isso fosse verdade não haveria razão para que se precisasse ter fé para crer em Deus, uma vez que todos veriam que quanto mais você dá, mais você tem. As pessoas iam acabar se convertendo, não porque mudaram seus conceitos, mas porque iam querer mudar suas contas bancárias.
  No final das contas, a Teologia da Prosperidade mostra quem é mais fiel pelo que tem aqui nesse mundo, anulando a vontade de Deus que as pessoas vivam vidas humildes.  A riqueza na teoria passa a ser o objetivo, porém na prática ela vira uma divindade. As pessoas passam a amar  a Deus não por quem ele é, mas por quanto ele pode dar a elas. O fiel passa a ser um egoísta. As igrejas passam a virar templos do capitalismo. Em suma, sabemos que se não existe e que a Teologia da Prosperidade é uma cretinice de discípulos do me engana que eu gosto. Portanto, se nessa vida esses pregadores buscam tanta prosperidade, espero que eles desfrutem da mesma prosperidade no inferno.





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