A IGREJA E A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
1 – INTRODUÇÃO:
Na década de 80 o Brasil foi tomado por um
movimento que atraiu e ainda atrai milhares de pessoas para as igrejas
evangélicas, mas pouca gente conhece a fundo a história da teologia da prosperidade.
O pioneiro desse movimento foi o pastor
Essek M. Kenyon(1867-1948), mas o maior divulgador foi Kenneth Hagin
(1917-2003). A teologia da prosperidade busca a interpretação de uma série de
textos bíblicos para fazer com que os fiéis entendam que Deus tem saúde e
bênçãos materiais para entregar ao seu povo.
2 - O QUE É A TEOLOGIA DA
PROSPERIDADE:
Também conhecida como Evangelho da
prosperidade, é uma doutrina religiosa cristã que defende
que a bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo e as doações para os ministérios cristãos irão
sempre aumentar a riqueza material do fiel. Baseada em interpretações não
tradicionais da Bíblia, geralmente com
ênfase no Livro de
Malaquias, a doutrina interpreta a Bíblia como um contrato entre Deus e os
humanos; se os humanos tiverem fé em Deus, Ele irá cumprir suas promessas de
segurança e prosperidade. Reconhecer tais promessas como verdadeiras é
percebido como um ato de fé, o que Deus irá honrar.
Seus defensores ensinam que a doutrina é um
aspecto do caminho à dominação cristã da sociedade, argumentando que a promessa
divina de dominação sobre as Tribos de Israel se aplica aos
cristãos de hoje. A doutrina enfatiza a importância do empoderamento, (administração),pessoal, propondo que é da vontade de Deus ver seu
povo feliz. A expiação (reconciliação
com Deus) é interpretada de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza,
que são vistas como maldições a serem quebradas pela fé. Acredita-se atingir
isso através da visualização e da confissão positiva, o que é geralmente
professado em termos contratuais e mecânicos.
3 – O QUE É A IGREJA:
Igreja não é um edifício construído com blocos e
cimento, no entanto podemos dizer que Igreja é um edifício construído com
pedras vivas. “Também vós
mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes
sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a
Deus por intermédio de Jesus Cristo”(1 Pedro 2:5). Estas pedras vivas
são chamadas santos e são membros da família de Deus: “Assim, já não sois estrangeiros
e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a
pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário
dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para
habitação de Deus no Espírito” (Efésios
2:19-22).
A palavra
grega traduzida como “igreja” significa, literalmente, “chamado para fora” e
assim refere-se a um grupo de pessoas chamadas para saírem do pecado no mundo e
servirem ao Senhor. A igreja não é nenhum tipo de instituição ou objeto
impessoal. É um corpo constituído de componentes vivos. Como um organismo vivo,
a igreja pode sentir medo (Atos 5:11), pode orar (Atos 12:5) e pode falar
(Mateus 18:17). Pessoas que são chamadas para saírem do pecado não continuam
participando do mal no mundo, porque elas estão santificadas ou separadas do
pecado (estude João 17:14-23; Colossenses 1:13; 1 Pedro 2:9; 1 João 4:5-6).
Deus chama o povo para deixar o mal deste mundo através da mensagem do
evangelho (2 Tessalonicenses 2:13-14). Aqueles que são convertidos
verdadeiramente a Cristo são chamados santos (1 Coríntios 1:2; Colossenses
1:1-2).
Entender o
conceito bíblico de igreja como um corpo de pessoas chamadas para fora do
pecado, para serem santos, ajuda-nos a apreciar a riqueza da descrição de Paulo
da “igreja de
Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20:28). Jesus não morreu
para comprar terra e edifícios, nem para estabelecer alguma instituição. Ele
morreu para comprar as almas dos homens e mulheres que estavam mortos no
pecado, mas que agora têm salvação e esperança de vida eterna (Romanos 5:8; 1
Coríntios 6:19-20).
4 – OS EFEITOS DA INTERPRETAÇÃO HERETICA DA DOUTRINA:
De tempos em tempos podemos comprovar que se
levantaram grandes heresias na história da igreja, como exemplo podemos citar o
gnosticismo que atua desde os tempos apostólicos, marcionismo, o montanismo, o
arianismo início do século IV com o bispo de Alexandria Ario entre outras.
Essas heresias foram combatidas e vencidas pela verdade da palavra através de
grandes apologistas que Deus levantou na história como Irineu de Lião,
Policarpo, Atanásio, Clemente de Alexandria, Augustinho de Hipona entre outros.
E em nossos dias? Qual é a maior heresia que tem assolado os princípios da
ortodoxia do cristianismo? Entre tantos, o maior desvio doutrinário dos dias
atuais? Sem dúvida é a teologia da prosperidade, que ensina que os cristãos tem
que ser ricos e ostentar grandes bens, também tem uma ênfase em curas e
milagres, mas a prosperidade financeira é o seu grande cavalo de batalha, essa
doutrina surgiu nos Estados Unidos, nos anos 40, oriunda das ideias do
hipnotizador e curandeiro Finéias Parkhust Quimby (1802-1866), foi adaptado ao
meio protestante por Essek W. Kenyon que pastoreou e fundou várias igrejas
evangélicas, mas o principal divulgador no meio protestante foi Kenneth Hagin,
fundador do Centro Rhema de Adestramento Bíblico. Hoje essa doutrina se
espalhou não só nas igrejas neopentecostais, é assim que são conhecidas as
igrejas adeptas dessa teologia, mas também nas igrejas tradicionais e até mesmo
em outros seguimentos do cristianismo como Adventismo, Catolicismo Romano e
etc. Já não se fazem mais templos simples com banquinhos de madeira, mas
verdadeiros palácios luxuosos, climatizados com púlpito de cristal, poltronas
acolchoadas. Tudo para atender a um novo tipo de cristão que se encaixa nesse
perfil. Os princípios do cristianismo foram trocados por um verdadeiro
exibicionismos de aquisições materiais. É incrível como esse ranço está
impregnado nas igrejas, a ostentação, o luxo são agora o foco do evangelho, em
uma entrevista com a irmã Marias Andrade da Costa, 70 anos, evangélica há mais
de 30 anos, ela disse: “Tenho vergonha em visitar certas igrejas, pois
parece que todo mundo tem um rei na barriga e nem se quer cumprimentam os
pobres”, é triste ouvir esse tipo de comentário, a que ponto chegamos? Com
toda certeza esse não era o intuito de Jesus quando nos ensinou sobre vida
abundante, cristãos mesquinhos e idolatras de Mamon é o que muitos tem sido na
verdade. Não quero dizer com isso que o cristão não pode ser rico, porém a um
tipo de pessoa rica que pode ser salva, como se referiu um dos pais da igreja Clemente
de Alexandria. "O que o Cristianismo condena é o abuso é o excesso de
afeição que o homem tem aos bens da terra e que o obriga a desconhecer o seu
verdadeiro sentido e o seu valor limitado".Clemente de Alexandria 180 D.C.
Cristo nos
convida a viver uma vida de humilde e simplicidade (Mt 5:3-12; Mt 6:19-20),
saibam que a maneira como gastamos os nossos recursos darão testemunhos contra
nós perante Deus no dia do juízo (Tg 5:3). “Ostentação não tem nada a ver com o
Cristão”, o consumismo é um vício que aprisiona e afeta os princípios bíblicos,
fuja dessa maldição, escapa-te por tua vida. Divida o que tem com os pobres e
com aqueles que os instruem na palavra (Lc 19:8; Gl 6:6), invista naqueles que
tem compromisso em proclamar o reino, não em instituições corruptas que querem
promover uma nova forma de indulgência, trocando as bençãos de Deus por bens
materiais, você pode até está sendo abençoado e achar que tudo isso está vindo
de Deus, mas o diabo é especialista em criar engôdos para atrair o crente (Tg
1:14; 2Ts 2:11), fujam da teologia da prosperidade, vivam uma vida de comunhão
e santificação com Deus, em amor e simplicidade, façam do sermão do monte uma
lei para suas vidas.(Mt Cap. 5). vejam também (Pv 30:7-9; 1Tm 6:3-11; Tg
5:1-3).
5 – A IGREJA E A TEOLOGIA
DA PROSPERIDADE:
A teologia da prosperidade tem se alastrado pelos púlpitos do país, como um rastilho de pólvora inflamado pelo inferno, e iludindo muitos cristãos sinceros, por meio de uma mensagem sedutora e triunfalista. A teologia da prosperidade transforma o evangelho em uma doutrina de resultados, onde o enfoque é a obtenção de riquezas materiais, e o cerne da mensagem cristã, que é espiritual e não material, é desprezado. Nos dias de Zorobabel, época do pós-exílio babilônico, ocorreu uma situação, de certa forma, similar à que vemos hoje no Brasil, e isso fez Deus levantar o profeta Ageu para combatê-la, condenar os falsos ensinos e proclamar a Verdade. Pesam em meu coração os efeitos deletérios dessa doutrina diabólica, que tem ludibriado o povo brasileiro. Hoje mesmo, após sair da igreja, vi-me fazendo o seguinte questionamento ao Senhor: “Deus, por que o evangelho não tem transformado o Brasil?”. E o Espírito Santo me respondeu assim: “É porque o evangelho está misturado”. O que a teologia da prosperidade faz é diluir o evangelho, de modo que sua eficácia fica comprometida e os resultados estão, obviamente, aquém do desejado. Vejamos uma possível contextualização da mensagem de Ageu para a igreja brasileira contemporânea:
A teologia da
prosperidade produz seguidores claramente tendentes ao egoísmo por conta da
busca material exacerbada. Não é possível servir a 2 senhores, ou agrada a um
ou a outro, nunca os 2 ao mesmo tempo. Então, logicamente, o templo, ou seja,
as coisas do Senhor, caem automaticamente para segundo plano. Esse é o
resultado da teologia da prosperidade nas pessoas, tornando-os insensíveis às
coisas do Céu e meros fuçadores das coisas terrenas; O Senhor mesmo se indignou com o desprezo de
Seu povo em relação a Sua Presença (representada pelo Templo), e levantou um
profeta (Ageu) para desmascarar o arquétipo da teologia da prosperidade, no
Israel pós-exílio. E é isso que está em curso no Brasil, com Deus levantando
uma geração profética clamando contra o pseudo-evangelho que é a teologia da
prosperidade. Chegou o momento de a igreja evangélica brasileira reconhecer e
dizer explicitamente o que a teologia da prosperidade é: doutrina de demônios.
Feito isso, resta apenas a não fácil tarefa de combatê-la como tal, alertando
os que estão enredados em seus laços para que se convertam enquanto é tempo. Isso poderia ser um versículo ao avesso
daquele que Jesus disse que deveríamos fazer: buscar, em primeiro lugar, o Seu
reino e a Sua justiça, e as demais coisas seriam acrescentadas. Basta assistir
algum programa televisivo de algum pregador desse tipo de teologia para ficar
evidente o que está em primeiro lugar em sua escala de valores. Quando o Senhor
lhes disser “apartai-vos de mim… nunca vos conheci”, o que dirão eles quando a
realidade que hoje ignoram se tornar um fato terrível de ser confrontado? A aceitação da pregação do egoísmo
materialista tem produzido graves consequências na igreja contemporânea, e é
até difícil explicar como uma teologia que surgiu há apenas algumas dezenas de
anos cresceu tanto e se tornou capaz de gerar consequências tão maléficas em
uma nação que é objeto de investimentos missionários seculares.
6– CONCLUSÃO:
Se a fé em Deus causasse riqueza a verdade é
que iam faltar apartamentos na orla da praia para a onda de crentes que os demandariam
dos céus. Graças a Deus, a fé não é a principal causador de riquezas, é o
trabalho. Se isso fosse verdade não haveria pobreza, bastaria todos crerem em Deus
e darem dinheiro pra ele. Se isso fosse verdade não haveria razão para que se precisasse
ter fé para crer em Deus, uma vez que todos veriam que quanto mais você dá,
mais você tem. As pessoas iam acabar se convertendo, não porque mudaram seus
conceitos, mas porque iam querer mudar suas contas bancárias.
No final das contas, a Teologia da
Prosperidade mostra quem é mais fiel pelo que tem aqui nesse mundo, anulando a
vontade de Deus que as pessoas vivam vidas humildes. A riqueza na teoria passa a ser o objetivo,
porém na prática ela vira uma divindade. As pessoas passam a amar a Deus não por quem ele é, mas por quanto ele
pode dar a elas. O fiel passa a ser um egoísta. As igrejas passam a virar
templos do capitalismo. Em suma, sabemos que se não existe e que a Teologia da
Prosperidade é uma cretinice de discípulos do me engana que eu gosto. Portanto,
se nessa vida esses pregadores buscam tanta prosperidade, espero que eles
desfrutem da mesma prosperidade no inferno.
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